Magnetometria
Entenda tudo sobre a magnetometria
O que é a magnetometria
A magnetometria é um método de investigação geofísica que tem o objetivo de investigar a geologia com base nas anomalias do campo magnético terrestre e das propriedades magnéticas das rochas em subsuperficie.
O magnetismo é uma propriedade que tem origem na estrutura atômica dos minerais e ela define como o material irá se comportar na presença de um outro campo magnético.
Dessa forma, existem três classificações possíveis para o comportamento magnético dos materiais:
- Diamagnéticos: São materiais que estabelecem em seus átomos um campo magnético no sentido contrário ao que foi submetido e que desaparece assim que o campo externo é removido.
- Paramagnéticos: São materiais que ao se submeterem a um campo magnético externo estabelecem em seus átomos um campo magnético que se alinha no mesmo sentido e que também desaparece assim que o campo externo é removido.
- Ferromagnéticos: São matérias que ao serem submetidos a um campo magnético externo, adquirem um campo magnético no mesmo sentido do campo que foram submetidos e estes permanece quando o campo externo é removido.
Portanto, a magnetometria irá medir a susceptibilidade magnética dos diferentes tipos de minerais presentes nas rochas, tendo afinidade maior com a magnetita e principalmente com outros tipos de minerais ferromagnéticos, mas também podendo ser utilizada para minérios de manganês, entre outros.
Alguns exemplos de minerais ferromagnéticos são:
LEVANTAMENTO MAGNETOMÉTRICO
Os levantamentos magnetométricos terrestres são geralmente realizados sobre áreas relativamente pequenas, sobre alvos predefinidos e com espaçamento entre as medidas de, geralmente, entre 10 e 100 metros.
Para dados aeromagnetométricos o espaçamento entre as linhas de voo depende do grau de detalhe exigido para o alvo de exploração desejado e dos recursos financeiros disponíveis. Para o reconhecimento de áreas, geralmente são realizados espaçamentos entre 1 e 2 km, e para levantamentos de detalhe as linhas são espaçadas de 100 a 250 metros. Cabe ressaltar que a altura do voo deve ser a mais baixa possível, de modo que não afete a segurança do levantamento.
Atualmente existem levantamentos sendo realizados a partir de VANTs que irão acoplar o magnetômetro para realizar o levantamento. Estes conseguem dar um maior grau de detalhe em relação aos levantamentos com helicópteros ou aeronaves e conseguem percorrer áreas maiores que o levantamento terrestre.
DADOS MAGNETOMÉTRICOS
De acordo com Sampaio et al. (2000), as medidas de magnetização são realizadas basicamente por três métodos: 1) métodos indutivos; 2) através da força do deslocamento quando um material é submetido a um gradiente de campo magnético; e 3) por uma variação de alguma propriedade intrínseca do material.
A magnetometria mede a susceptibilidade magnética, que é uma grandeza adimensional que indica o grau de magnetização a ser induzido em determinado material uma vez inserido um campo magnético externo.
A maior afinidade desse método é sempre com as rochas cristalinas, em especial básicas e ultrabásicas. Já sua menor afinidade está relacionada com as rochas sedimentares e consequentemente com as metassedimentares, que são praticamente transparentes nesse método.
Quando dominam coberturas sedimentares ou metassedimentares, as assinaturas que formam o relevo magnético, vem quase sempre de seu embasamento cristalino.
Tratamento de dados magnetométricos
Existem várias correções e tratamentos que são realizados no dado após eles serem extraídos em campo. As seguintes correções foram propostas pela USGS (United States Geological Survey):
- Remoção dos spikes: Tem o objetivo de eliminar dos dados as anomalias que são relacionadas a interferências eletro-eletrônicas ou descargas elétricas. Elas geralmente são identificadas por uma grande variação no valor medido em um curto espaço de tempo.
- Remoção do International Geomagnetic Reference Field (IGRF): É um modelo teórico do campo magnético da terra em função da latitude, longitude, dia, mês e anos, e são calculadas de 5 em 5 anos pelo International Association of Geomagnestism and Aeronomy (IAGA).
- Correção de Heading: Tem o objetivo de diminuir os efeitos do campo magnético gerados pela própria aeronave utilizada no levantamento aeromagnético.
- Correção de Lag: Se baseia na correção do erro da distância entre o magnetômetro e a cauda da aeronave do GPS, que está localizado próximo a cabine, isso causa uma variação no local exato da medição e o posicionamento marcado.
- Correção da variação diurna: Se faz necessária pela interferência dos ventos solares no campo magnético terrestre. É utilizada quando se tem dois magnetômetros, um como estação fixa registrando continuamente o campo magnético em intervalos de minutos, e outro medindo o campo da linha planejada.
Além dessas correções, são utilizados filtro nos dados com o objetivo de realçar, eliminar ou atenuar feições lineares ou planares para fazer com que as estruturas sejam realçadas.
Resultados do levantamento magnetométrico
Os principais produtos do levantamento magnetométrico são:
- Amplitude do sinal analítico (ASA)
A amplitude do sinal analítico permite mapear as bordas de corpos e é útil principalmente em locais onde a fonte é rasa, geralmente de até 500m de profundidade e a latitude magnética é baixa e a magnetização remanescente é significativa (Li,2006). - Primeira derivada vertical
A primeira derivada vertical é utilizada principalmente para delimitar estruturas geológicas que ocorrem na direção vertical da área, dessa forma podem-se definir os limites das anomalias magnéticas e destacar as altas frequências com baixo comprimento de onda evidenciando fontes mais rasas, geralmente de até 500m de profundidade, em detrimento das fontes mais profundas da região de estudo. - Campo Magnético Anômalo (CMA)
O campo magnético anômalo é realizado para medir o campo magnético e com intuito de identificar anomalias negativas e positivas na área, em alguns casos costuma ocorrer o efeito dipolar que mostra zonas anômalas negativas (geralmente em azul) e zonas com anomalia positivas (em vermelho), indicando possíveis locais para visita do geólogo durante o mapeamento geológico.
Cabe ressaltar que a magnetometria não é um método que costuma ser utilizado isoladamente. Além deste, outros métodos geofísicos são utilizados em conjunto, principalmente na análise pré mapeamento geológico para se identificar possíveis pontos de visita durante o mapeamento.
Aplicabilidade da magnetometria
Esse método é bastante útil para se definir em grandes áreas lineamentos magnéticos que podem ser indicativos de concentração de minerais ferromagnéticos em contatos geológicos, diques, falhas e lineamentos estruturais, que são definidos por anomalias estreitas e longas, em geral, definidas por altos gradientes.
Além disso, esse método é amplamente utilizado para prospecção de minérios de ferro, níquel, cobalto e pode ser aplicável a prospecção de minerais metálicos de uma maneira geral.
Ele também pode ser utilizado para minérios que não são ferromagnéticos, mas estão associados a minerais ferromagnéticos no contexto geológico da região onde está sendo realizado o levantamento, para isso é imprescindível que se tenha um amplo conhecimento do contexto geológico da região para aplicar o método correto.
Alguns pontos a serem observados é que a magnetometria não necessariamente identifica rochas e/ou estruturas que estejam aflorantes em superfície, podendo estarem localizadas em grandes profundidades, por isso, esse método é utilizado principalmente como ferramenta auxiliar a outros estudos.